quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A Moreninha

“...assim como o grito tem o eco, a flor o aroma e a dor o gemido, tem o amor o suspiro; ah! o amor é demoninho que não pede para entrar no coração da gente e, hóspede quase sempre importuno, por pior trato que lhe dê, não desconfia, não se despede, vai-se colocando e deixando ficar, sem vergonha nenhuma, faz-se dono da casa alheia, toma conta de todas as ações, leva o seu domínio muito cedo aos olhos, e às vezes dá tais saltos no coração, que chega a ir encarapitar-se no juízo.”

"..nas lágrimas de amor há, como na saudade, uma doce amargura, que é veneno que não mata, por vir sempre temperado com o reativo da esperança.."

"...como é sublime deitar-se o estudante no solitário leito e ver-se acompanhado pela imagem da bela que lhe vela no pensamento, ou despertar ao momento de ver-se em sonhos sorvendo-lhe nos lábios voluptuosos beijos!"

Trechos do romance romântico A Moreninha. Escrito por um dos maiores expoentes do Romantismo, um dos fundadores do romance no Brasil, Joaquim Manuel de Macedo.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Manuel_de_Macedo
Um dos romances que iniciou o Romantismo foi extamente A Moreninha e inspirou dois filmes e duas novelas da Globo, a segunda novela foi a pioneira exibida em cores pela Globo. Ah, virou até ópera!
Eu pensei em colocar uns videozinhos das novelas, mas é muito piegas! Rsrs.. Ler o livro é bem mais emocionante! Particularmente, como sou uma romântica boba(rsrs), eu adorei!
Então é isso, vou ficando por aqui.. "Aqueeeellee abraaço"
Rosália Souza.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Camões!

º Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que para mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Gênio de vinganças! º

º Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n’alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê. º


Camões é considerado, até hoje, o maior poeta português. Contudo, pouco se sabe sobre sua vida. Foi decerto, um homem do mundo, viajando por três continentes.
Tenta-se reconstruir um pouco da vida do poeta através de suas cartas e versos. Pela sua cultura e por alguns outros vestígios encontrados por historiadores, supõe-se que tenha passado por Coimbra, embora não tenha estudado regularmente na universidade local. Ainda jovem, serviu ao exército em Ceuta, onde perdeu um olho. Morou ainda por muito tempo no Oriente, em Macau e em Moçambique. Salvou-se a nado de um naufrágio na costa de Goa; supostamente, além de sua vida, também teria salvo os originais de Os Lusíadas. Voltou a Lisboa, onde viveu miseravelmente até a sua morte.
Imprimiu em todos os seus versos, tanto os históricos quantos os amorosos, a sua vivência pessoal – que não foi a vivência de um homem comum, mas de alguém de vasta cultura e temperamento de homem de ação.
Alguns de seus poemas líricos foram publicados ainda em vida, espalhados em outras obras, mas só foram reunidos em Rimas, quinze anos após sua morte. Nele, aparece o amor idealizado e inatingível, mas também a paixão carnal.
Já o épico Os Lusíadas foi publicado em 1572, rendendo ao poeta fama imediata e uma pensão vitalícia – que raramente chegou as suas mãos.
Inspirado na Eneida de Virgílio, buscou imortalizar as glórias do império português em 1102 estrofes, rimas em disposição ab-ab-ab-cc e versos decassílabos heróicos e sáficos.
É isso ae,Danilo Sátiro.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Mensagem à poesia

Não posso
Não é possível
Digam-lhe que é totalmente impossível
Agora não pode ser
É impossível
Não posso.
Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.

Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é precisoreconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso.

Mas não a traí. Em meu coração
Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
Envergonhá-la. A minha ausência
É também um sortilégio
Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-la
Num mundo em paz. Minha paixão de homem
Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha
Loucura resta comigo. Talvez eu deva
Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais
O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
Livre e nua nas praias e nos céus
E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse
O meu martírio; que às vezes
Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva
Mas que eu devo resistir, que é preciso...
Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática
Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela
Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho
A quem foi dado se perder de amor pelo direito
De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
E uma menininha de vermelho; e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se...
Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora
É mais forte do que eu, não posso ir
Não é possível
Me é totalmente impossível
Não pode ser não
É impossível
Não posso.

Vinícius de Moraes


É enorme! Mas está entre uma das minhas preferidas, pra mim é perfeita.
Tenho uma interpretação muito pessoal dela, por isso não posso dividir com vocês.. Mas vejo também algo que muitos se lerem atentamente perceberão: é como se fosse uma pequena ruptura com a poesia, diante de tantas cosias que se passam aos olhos, que podem ser repugnates ou amáveis, é importante que ele esteja ao lado, pois ele também é humano, e tbm sofre, também ama, é o seu destino.
Este poema está no livro "Antologia Poética"(1960, pág 160) e também no cd de mesmo nome onde Vinícius com a participação de Toquinho, Edu Lobo e outros recita os poemas. É lindo! Quem quiser escutar, deixe por favor o email nos comentários =) A voz de Vinícius é uma coisa impressionante, guarda alguma ternura, apesar de algumas palavras duras.. "palavras duras em voz de veludo"(Paralamas do sucesso), é como eu calissificaria. E ainda tem um instrumental de fundo belíssimo! Piano.. Nossa, de chorar!
Mas é isso, post fica por aqui. Abraço pessoal!
Rosália Souza.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Carlos Drummond de Andrade


- Amor e Seu Tempo


Amor é privilégio de maduros
Estendidos na mais estreita cama,
Que se torna a mais larga e mais relvosa,
Roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
O prêmio subterrâneo e coruscante,
Leitura de relâmpago cifrado,

Que, decifrado, nada mais existe
Valendo a pena e o preço do terrestre,
Salvo o minuto de ouro no relógio
Minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
Depois de se arquivar toda a ciência
Herdada, ouvida. amor começa tarde.


- Memória

Amar o perdido
deixa confundido este coração.
Nada pode o olvido.
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Com Carinho,Danilo Sátiro.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008



Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?

Cecília Meireles




Foi difícil escolher um pra colocar aqui. Pensei em colocar um bem conhecido (que quiser vê-lo.. http://www.geocities.com/fedrasp/motivo.html), mas optei por esse aí, gostei. E me lembra uma música do Nando Reis, Não vou me adaptar, mais uma vez quem quiser.. Passo por email..

Um pouco de Cecília pra vcs:
"Poetisa, professora, pedagoga e jornalista, cuja poesia lírica e altamente personalista, freqüentemente simples na forma mas contendo imagens e simbolismos complexos, deu a ela importante posição na literatura brasileira do século XX. Nasceu no Rio de Janeiro e faleceu na mesma cidade. Casou-se duas vezes e deixou três filhas.
Órfã desde os 3 anos, foi criada pela avó. Desde cedo habituou-se ao exercício da solidão, tendo precocemente desenvolvido sua consciência e sensibilidade. Começou a escrever poesia aos 9 anos de idade. Tornou-se prefessora pública aos 16, destacando-se como aluna exemplar, merecendo a estima dos mestres. Dois anos depois iniciou sua carreira literária com a publicação de Espectros(1919), uma coleção de sonetos simbolistas."

Abraço, pessoal! o/
Rosália Souza.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Olavo Bilac!




O Pássaro Cativo – Olavo Bilac


Armas, num galho de árvore, o alçapão;
E, em breve, uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.
Dás-lhe então, por esplêndida morada,
A gaiola dourada;
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo:
Porque é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo,
Arrepiado e triste, sem cantar?
É que, crença, os pássaros não falam.
Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:
“Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que a voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido, e escondido
Entre os galhos das árvores amigas...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade:
Não me roubes a minha liberdade ...
Quero voar! voar! ... “
Estas cousas o pássaro diria,
Se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição:
E a tua mão tremendo, lhe abriria
A porta da prisão...



Do livro: Poesias Infantis, Ed. Francisco Alves, 1929, RJ.


Membro fundador da Academia Brasileira de Letras, Olavo Bilac foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pela revista Fon-Fon em 1907. Juntamente com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, foi a maior liderança e expressão do parnasianismo no Brasil, constituindo a chamada Tríade Parnasiana.

O nome Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, quando dividido em sílabas poéticas se torna um perfeito verso Alexandrino, este que é composto por doze sílabas. Em geral, o verso mais longo, em estrofes isométricas. Presente em poesias extremamente trabalhadas gramática e foneticamente, como as parnasianas.
Com Carinho,Danilo Sátiro.
E Rosália Maria,deixe de ser egoísta,viu? Todo mundo usa 'com carinho'...
E se tiver algum probelma fale comigo,num coloque no blog nem nada não,nossas pendências a gente resolve no msn.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, xD~

sábado, 19 de janeiro de 2008

Texto do romance Água Viva, Clarice Lispector

Sou inquieta, áspera
E desesperançada
Embora amor dentro de mim eu tenha
Só que eu não sei usar amor
Às vezes arranha
Feito farpa
Se tanto amor dentro de mim
Eu tenho, mas no entanto
Continuo inquieta
É que eu preciso que o Deus venha
Antes que seja tarde demais
Corro perigo
Como toda pessoa que vive
E a única coisa que me espera
É exatamente o inesperado
Mas eu sei
Que vou ter paz antes da morte
Que eu vou experimentar um dia
O delicado da vida
Vou aprender
Como se come e vive
O gosto da comida


Cazuza e Frejat musicaram esse texto, o intitularam "Que o Deus venha" e presentiaram Cássia Eller para interpretá-la.
Pois é, hoje misturando literatura, música.. Tudo numa coisa só =)
Cazuza se identificava muito com Clarice(e quem não?), era um grande 'fã'.. Ela odiaria esse termo! Hehehehe..
Bem, algumas informações no livro: Cássia Eller, Canção na voz de fogo. E quem quiser essa música é só deixar seu email nos comentários.

Vamo de Clarice mais um pouquinho? Sempre!
"Só no ato do amor – pela límpida abstração de estrela do que se sente – capta-se a incógnita do instante que é duramente cristalina e vibrante no ar e a vida é esse instante incontável, maior que o acontecimento em si."
Do romance 'Água Viva'. Quem quiser ler uns trechinhos desse livro: http://www.culturabrasil.org/clarice.htm

Hoje me dispeço sem carinho! Porque quando a gente dá carinho os outros roubam né sócio Danilo Sátiro? rsrsrs.. Abraço gente, Rosália Souza.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Luis Fernando Veríssimo - Quase


Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.




Luis Fernando Veríssimo é um escritor, jornalista, humorista e cronista brasileiro, filho do também escritor Érico Veríssimo. É o escritor que mais vende livros no Brasil.

Quer saber mais dele? Acesse sua biografia em: http://www.pensador.info/autor/Luis_Fernando_Verissimo/biografia/
Com Carinho,Danilo Sátiro.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Florbela Espanca - Desdém


Desdém

[Florbela Espanca]


Andas dum lado pro outro
Pela rua passeando;
Finges que não queres ver
Mas sempre me vais olhando.

É um olhar fugidio,
Olhar que dura um instante,
Mas deixa um rasto de estrelas
O doce olhar saltitante…

É esse rasto bendito
Que atraiçoa o teu olhar,
Pois é tão leve e fugaz
Que eu nem o sinto passar!

Quem tem uns olhos assim
E quer fingir o desdém,
Não pode nem um instante
Olhar os olhos d’alguém…

Por isso vai caminhando…
E se queres a muita gente
Demonstrar que me desprezas
Olha os meus olhos de frente! …





Florbela Espanca foi uma poetisa portuguesa.Precursora do movimento feminista em Portugal, Florbela teve uma vida tumultuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade. Em 1903 Florbela Espanca escreveu a primeira poesia de que temos conhecimento, A Vida e a Morte. Casou-se no dia de seu aniversário em 1913, com Alberto Moutinho. Concluiu um curso de Letras em 1917, inscrevendo-se a seguir para cursar Direito, sendo a primeira mulher a freqüentar este curso na Universidade de Lisboa.
Tentou o suicídio por duas vezes em outubro e novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu aniversário, 8 de dezembro de 1930, ingerindo uma elevada dose de Veronal. Charneca em Flor viria a ser publicado em janeiro de 1931.


Com Carinho,Danilo Sátiro.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Bem, como esse é o primeiro post nada mais justo que uma apresentação e uma notificação da utilidade desse blog. Pertencente a duas pessoas, Rosália Souza e Danilo Sátiro, unidos aqui por duas razões: o amor à literatura e uma grande amizade, claro. Citaremos aqui poesias, poemas, trechos de livros, frases soltas e até mesmo músicas.. Tudo que se refira lexicalmente a sentimento, a arte, ou seja, a magia da literatura. Espero que gostem do espaço, aqui verão grandes nomes como: Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Cecília Meirelles, Fernando Pessoa, Machado de Assis, Álvares de Azevedo, Florbela Espanca, Pablo Neruda, Tagore, Chico Buarque, Johann Wolfgang von Goethe, George Gordon Byron, William Shakespeare... entre muitos outros! Espero mesmo que gostem e se encantem com o poder da palavra poética aqui presente.

Pensei em começar com Clarice, mas vou mandar uma poesia de um outro MUITO querido. Meu querido poetinha Vinícius de Moraes.

Poema de Natal
Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes, poeta e diplomata na linha direta de Xangô. Saravá! No poema acima temos retratado aquele que, para muitos, é um evento triste. O acima foi foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 147.

Para saber mais sobre Vinícius:
http://www.releituras.com/viniciusm_bio.asp

Com carinho, Rosália Souza! o/