domingo, 24 de fevereiro de 2008




Almost Blue
"Sirva-se de mais um drinque
A felicidade não estará no gelo,
mas quem sabe?
Aliás, quem sabe você não a encontre
no próximo gole?
Lembre-se de sorrir quando acenderem
o seu cigarro
e de não deixar a chama iluminar o descaso
que você tem em viver"

(Sem título)
"Seus olhos marejam com tanta felicidade.
Duas pedras cravadas em branco mármore,
pequenas bolotas castanho-escuro. Tão tristes
quanto umidecidas. Chora,
chora logo, antes que, de tanto conter-se,
seus olhos - em vez de lágrimas - rolem
feito bolas de gude."

Fernando Young, em Dores do Amor Romântico.

Fernanda Young tem seis romances publicados, incluindo "Atitmética", lançado pela Edioro em 2004. "Dores do amor Romântico" é o seu primeiro livro de poesia e, prevê a escritora, o único. Por este e outros motivos, trata-se de uma obra rara, onde o herói e voluntarioso amor, exposto com toda a sua coragem, precipitado, e claro, dor. Bem-vindo a este duelo, onde ninguém é poupado.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernanda_Young

Beeem.. Um pouco de literatura comtemporânea pra vocês. Fernanda Young tem apenas 38 aninhos, tem a biografia aí nesse site.

Blog estava desatualizado, porém não esquecido =) Sempre venho aqui e fico namorado ele.. Hehehe.. é um xodó só! Obrigado a todos que têm nos visitado. O motivo de não estarmos postando creio que seja tempo e material. Mas cá estou eu postando umas poesias pra vocês. Espero que gostem. Eu achei legal. E sim, créditos pra Tarcila Valéria, o livro de onde extraí as poesias é dela! Hhehehe.. Aproveitando a seção créditos: vejam(quem quiser) meu flickr, essa foto foi de lá.
http://www.flickr.com/photos/rosa_souza
Um beeeeijo. Rosália Souza.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Fernando Pessoa!


"Nesta vida, em que sou meu sono,
Não sou meu dono,
Quem sou é quem me ignoro e vive
Através desta névoa que sou eu
Todas as vidas que eu outrora tive,
Numa só vida.
Mar sou; baixo marulho ao alto rujo,
Mas minha cor vem do meu alto céu,
E só me encontro quando de mim fujo.

Quem quando eu era infante me guiava
Senão a vera alma que em mim estava?
Atada pelos braços corporais,
Não podia ser mais.
Mas, certo, um gesto, olhar ou esquecimento
Também, aos olhos de quem bem olhasse
A Presença Real sob disfarce
Da minha alma presente sem intento."

Fernando Pessoa, nascido em Lisboa no dia 13 de junho de 1888, foi aclamado não apenas como o maior poeta português do século XX, como também figura entre os melhores do mundo.
Sua obra complexa e com forte teor filosófico suscitou, em um ensaio crítico, a indicação de Roman Jakobson (lingüista russo), para que seu nome seja incluso entre artistas do porte de James Joyce, Pablo Picasso e Igor Stravinski.
Danilo Sátiro.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Ainda uma vez Adeus - Gonçalves Dias

I - Enfim te vejo! — enfim posso, Curvado a teus pés, dizer-te, Que não cessei de querer-te, Pesar de quanto sofri.Muito penei! Cruas ânsias, Dos teus olhos afastado, Houveram-me acabrunhadoA não lembrar-me de ti!
II - Dum mundo a outro impelido, Derramei os meus lamentosNas surdas asas dos ventos, Do mar na crespa cerviz!Baldão, ludíbrio da sorteEm terra estranha, entre gente, Que alheios males não sente, Nem se condói do infeliz!
III - Louco, aflito, a saciar-meD'agravar minha ferida,Tomou-me tédio da vida,Passos da morte senti;Mas quase no passo extremo,No último arcar da esp'rança,Tu me vieste à lembrança:Quis viver mais e vivi!
IV - Vivi; pois Deus me guardavaPara este lugar e hora!Depois de tanto, senhora,Ver-te e falar-te outra vez;Rever-me em teu rosto amigo,Pensar em quanto hei perdido,E este pranto doloridoDeixar correr a teus pés.
V - Mas que tens? Não me conheces?De mim afastas teu rosto?Pois tanto pôde o desgostoTransformar o rosto meu?Sei a aflição quanto pode,Sei quanto ela desfigura,E eu não vivi na ventura...Olha-me bem, que sou eu!
VI - Nenhuma voz me diriges!...Julgas-te acaso ofendida?Deste-me amor, e a vidaQue me darias — bem sei;Mas lembrem-te aqueles ferosCorações, que se meteramEntre nós; e se venceram,Mal sabes quanto lutei!
X - Tudo, tudo; e na misériaDum martírio prolongado,Lento, cruel, disfarçado,Que eu nem a ti confiei;"Ela é feliz (me dizia)"Seu descanso é obra minha."Negou-me a sorte mesquinha...Perdoa, que me enganei.
XVI - Dói-te de mim, que t'imploroPerdão, a teus pés curvado;Perdão!... de não ter ousadoViver contente e feliz!Perdão da minha miséria,Da dor que me rala o peito,E se do mal que te hei feito,Também do mal que me fiz!
XVII - Adeus qu'eu parto, senhora;Negou-me o fado inimigoPassar a vida contigo,Ter sepultura entre os meus;Negou-me nesta hora extrema,Por extrema despedida,Ouvir-te a voz comovidaSoluçar um breve Adeus!
XVIII - Lerás porém algum diaMeus versos d'alma arrancados,D'amargo pranto banhados,Com sangue escritos; — e entãoConfio que te comovas,Que a minha dor te apiadeQue chores, não de saudade,Nem de amor, — de compaixão,
Bem, como vocês deve ter percebido o poema não está completo. Ele realmente muito grande, então escolhi os versos mais marcantes do poema, quer quiser o link está aí em cima, e conferir o poema todo.
Gonçalves Dias , grande poeta do Romantismo da primeira geração,conhecida também como nacionalista ou indianista, é considerado o consolidador do Romantismo no Brasil.
No link acima, também traz informações do poeta. Quem quiser conferir, não irá se arrepender.
Desculpem a ausência,mas as aulas começaram e isso complica um pouco, mas faremos o possível para sempre atualizar o blog! E é isso,boa semana a todos e muita literatura! ^^
Danilo Sátiro.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Perfeição

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros¹ e Thanatos²
Persephone³
e Hades4
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade.

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e seqüestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.

Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso - com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.

Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera -
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição


Renato Russo



Eros¹: deus grego do amor(cupido)
Thanatos²: no grego, personificação da morte
Peserphone³: Filha de Zeus, esposa de Hades
Hades4: Deus das trevas



Música de Renato Russo. Irônica e verdadeira. Rapaz.. Essa letra é um choque! Ainda que saibamos que tudo nela é verdade. E no final, a parte em itálico, dá uma esperança.. Enfim, essa é uma música que toca você, Renato tinha essa capacidade, tocar as pessoas com suas letras que têm sempre mensagens interessantes.
E quem quiser a música, já sabe como né? Email nos comentários.

Para conhecê-lo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Renato_Russo

Com carinho, Rosália Souza.