sexta-feira, 14 de março de 2008

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

É, Fernando Pessoa tá em alta aqui nesse blog. Mas é porque sempre tem coisas legais dele.. Então, vamos postar =) Aliás, postar aqui está difícil. Maaaass, na medida do possível, mechendo uns pauzinhos aqui outros ali, traremos aos poucos poemas pra vocês =)
Abraço pessoal! Rosália Souza.

Um comentário:

Anônimo disse...

Rosaaa!

Texto lindo, como sempre Fernando Pessoa arrasa, e realmente não tem como não colocar textos dele aqui.


Beijoo!
;*

Bora movimentar isso aqui!
^^